“Desde a tenra idade, eu
sinto o mundo pesar de uma forma diferente, uma dor profunda e insuportável.
Naquele momento, eu não entendia – hoje, menos ainda. Com os anos, ela só piorou
e fui buscando formas de entendê-la. Quando não era a dor profunda e
insuportável, era a vez do vazio angustiante. Acho que sempre oscilava entre
ambos. Por causa delas, sempre me senti deslocada de tudo, de todos, me sentia
terrivelmente sozinha. No esforço de melhorar essa condição, livros e filmes
tentavam me fazer companhia naqueles anos. Procurava naqueles enredos e
personagens alguma semelhança, algum pertencer, algum encaixe, algum sentido
que me tirasse daquele lugar solitário. Tantos anos depois e eu não sei dizer
se isso me fez bem, ainda sinto tudo tão intensamente. Não parece que se
passaram mais de 20 anos. A dor insuportável, o vazio angustiante e a sensação de
estar terrivelmente só ainda estão aqui comigo em algum lugar, se revezando
para disputar a minha existência em momentos distintos.”
terça-feira, 18 de abril de 2023
Disputa pela existência
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