terça-feira, 18 de abril de 2023

Disputa pela existência

“Desde a tenra idade, eu sinto o mundo pesar de uma forma diferente, uma dor profunda e insuportável. Naquele momento, eu não entendia – hoje, menos ainda. Com os anos, ela só piorou e fui buscando formas de entendê-la. Quando não era a dor profunda e insuportável, era a vez do vazio angustiante. Acho que sempre oscilava entre ambos. Por causa delas, sempre me senti deslocada de tudo, de todos, me sentia terrivelmente sozinha. No esforço de melhorar essa condição, livros e filmes tentavam me fazer companhia naqueles anos. Procurava naqueles enredos e personagens alguma semelhança, algum pertencer, algum encaixe, algum sentido que me tirasse daquele lugar solitário. Tantos anos depois e eu não sei dizer se isso me fez bem, ainda sinto tudo tão intensamente. Não parece que se passaram mais de 20 anos. A dor insuportável, o vazio angustiante e a sensação de estar terrivelmente só ainda estão aqui comigo em algum lugar, se revezando para disputar a minha existência em momentos distintos.”


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