terça-feira, 18 de abril de 2023

Disputa pela existência

“Desde a tenra idade, eu sinto o mundo pesar de uma forma diferente, uma dor profunda e insuportável. Naquele momento, eu não entendia – hoje, menos ainda. Com os anos, ela só piorou e fui buscando formas de entendê-la. Quando não era a dor profunda e insuportável, era a vez do vazio angustiante. Acho que sempre oscilava entre ambos. Por causa delas, sempre me senti deslocada de tudo, de todos, me sentia terrivelmente sozinha. No esforço de melhorar essa condição, livros e filmes tentavam me fazer companhia naqueles anos. Procurava naqueles enredos e personagens alguma semelhança, algum pertencer, algum encaixe, algum sentido que me tirasse daquele lugar solitário. Tantos anos depois e eu não sei dizer se isso me fez bem, ainda sinto tudo tão intensamente. Não parece que se passaram mais de 20 anos. A dor insuportável, o vazio angustiante e a sensação de estar terrivelmente só ainda estão aqui comigo em algum lugar, se revezando para disputar a minha existência em momentos distintos.”


sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Interminável e amarga coleção

A fenda em meu peito só aumenta, mas ignoro sua existência como se isso fosse amenizar a dor. Sigo fantasiando para tornar tudo mais suportável, mesmo que isso seja extremamente perigoso. Os dias passam e coleciono diversas cicatrizes, engulo a saliva, respiro fundo e vou atrás de outras para completar essa interminável e amarga coleção.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Quando vai parar de doer? Quando?

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Reconhecer

Meses sem conseguir escrever uma linha sequer sobre mim, sobre qualquer coisa que me tire o sono, sobre qualquer coisa que faça minha respiração mudar ou o meu coração acelerar. Meses tentando descobrir quem eu sou agora, meses tentando me conhecer, me reconhecer. Mas, não posso afirmar nada, não posso dizer quem eu sou agora, só posso dizer que as dores continuam as mesmas, as questões que me rondam são as mesmas, os surtos são os mesmos, as lágrimas são as mesmas, parece que nada mudou, mas mudou.  Eu consigo verbalizar minhas dores, mas isso não significa que eu "evoluí", ainda acho que estou rolando em uma enorme ladeira até chegar o fim disso tudo. Enquanto esse fim não chega, eu vou rolando e (en) rolando até chegar em algo concreto que destrua as minhas tão sólidas paranoias e angustias.

terça-feira, 13 de março de 2018

Perdendo Batidas

Meu coração anda falhando, perdendo batidas ou acelerando demais. Parece que ele vai explodir a qualquer momento, ou ir parando vagarosamente, até me desligar da vida de uma vez.  Ultimamente, ele falha tanto quanto eu, ele é fraco tanto quanto eu, no fim, fomos feitos um para o outro, nos merecemos diante de tanta fraqueza, falhas e dores. Somos uma bomba-relógio e não sabemos se ela irá explodir ou se ela será desativada, enquanto isso, vive-se o risco de ter um órgão que não cumpre suas funções físicas, e muito menos, suas funções emocionais.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Exposição.

Eu não tenho nada para oferecer além da minha própria bagunça. Bagunça que não faço mais questão de esconder embaixo do tapete para que alguém possa supostamente me amarEu me desnudo noite e dia, de corpo, alma e mente. E através do meu desnudar, eu me exponho vulnerável, sensível, sujeita à trincas e quebras, e como um vinil velho me exponho cheia de riscos. Me exponho com um corpo marcado e um coração remendado, dolorido e sangrento. 
Eu não tenho nada para oferecer além da minha própria disposição em amar algo que supostamente irá contribuir para que eu me exponha mais, para que eu me bagunce mais e para que eu sinta mais dor do que já sinto. 
Eu não tenho nada para oferecer além do meu eu-inteiro entregue para algo que irá me queimar e me destruir mais um pouco...


Mas, aceito a condição.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Sobre desistir.

Eu perdi as contas de quantas vezes a palavra "desistir" dominou todas as lacunas existentes de meu cérebro. Mas, no fim, eu sempre desistia de desistir.
Eu perdi as contas de quantas vezes eu chorei, eu perdi as contas de quantas vezes eu senti ânsia e nojo, eu perdi as contas de quantas vezes o meu estômago, cérebro e coração desalinharam e sucumbiram diante da ideia de "desistir".
No entanto, embora eu muitas vezes tenha desistido de desistir e passado por todo esse processo de dor e desespero para tentar provar para alguém que não acredita em mim e que me detesta - no caso, eu mesma - que sou capaz de algo, é bastante frustrante me deparar com a ausência da possibilidade do desistir.
Quando existe a possibilidade de desistir, podemos optar por desistir de desistir. Mas, quando não há essa opção, nos forçamos a seguir um caminho que nos enfraquece e caminhamos em direção a dor mais incerta, amarga e letal que já experienciamos.

Eu estou nesse caminho e me é negado a possibilidade de voltar atrás, só me resta caminhar em direção ao incerto e sobreviver.