A cabeça rodopia, a respiração está ofegante, a boca seca, os músculos do corpo se contorcem, o frio na barriga, nada parece real, sente uma necessidade de correr sem destino até tudo voltar ao normal, mas não volta ao normal, porque é outra crise, uma pesada crise que o faz pensar 'sou anormal'...

uma alma inquieta que implora pela fuga, como se os lugares tivessem prazo de validade, como se esses lugares fossem pães adormecidos, descartados na manhã seguinte. Muitas vezes, aproveitamos esses pães adormecidos, endurecidos ou embolorados, até o momento que não existe outra alternativa a não ser ir até aquela padaria e comprar pães frescos...a alma inquieta são como os pães, ora preenchemos com as alternativas e ora é necessário buscar os pães frescos, o novo, a fuga...

e eu me pego com medo da solidão, antiga amiga e companheira, uma morada que não me incomodava, mas hoje ela me dói e queria fugir dela...mas não consigo.

saudade e despedida são amargas, mas as memórias são doces...pena que machucam tanto.

pessoas que partem e me partem...

primavera das dores, primavera dos desamores...

sou um borrão, um erro, a personificação da inexistência ou seria da existência demasiada? Eu não sei, existem tantas dores, tantos conflitos em mim e quando menos espero estou explodindo, me tornando um borrão novamente, no espelho não tenho reflexo. Tudo me afeta, meu coração parece querer explodir pelo acúmulo de apertos, as lágrimas nem escorrem mais, perdas atrás de perdas, dores atrás de dores, tudo é tão intenso que me perco, me perco de mim, vago por aí sem saber por onde ir...